A solução dos seus problemas é a Gramática

por | 27/04/2024 | 2024, vida interior

Sabe qual o problema de você usar gifs emojis e figurinhas o tempo TODO para se expressar? Você vai perdendo sua capacidade de criatividade sobre o domínio da linguagem, mais especificamente, da gramática. 

Até aí tudo bem, você não está no colegial, não vai ter prova da “tabuada da crase” (nem de exatas, nem de humanas, vc é uma pessoa de HUMANOS kkk). 

O problema acontece mesmo é na vida real: na sua capacidade de diálogo com o outro – e até consigo mesma, caso você seja adepta de algum tipo de terapia. 

Ao reduzirmos nosso vocabulário a gifs, emojis e figurinhas, é como se destreinássemos nosso cérebro para o discurso. Isso, no fim da linha, causa o desaparecimento da oratória. 

Certa vez perguntaram para Millôr Fernandes (frasista icônico) durante o programa Roda Viva se “uma imagem não valia mais que mil palavras”, ao que ele respondeu: 

  • Tente falar isso sem palavras

Desabafo depois do tiro: 

Os textos, livros, os discursos começaram efetivamente a ter autores (outros que não personagens míticas ou figuras sacralizados e sacralizantes) na medida que o autor se tornou passível de ser punido, isto é, na medida em que os discursos se tornaram transgressores. 

Assim que se instaurou um regime de propriedade de textos, assim que promulgaram regras escritas sobre direitos de autor sobre relação autores-editores sobre direitos de reprodução etc (isto no final do século 18 e início do século 19) foi nesse momento que a criação deixou de ser uma ação, e virou um produto. E aqui é a origem do cancelamento que vivenciamos no século 21. 

Tudo isso pra dizer que economizar vocabulário em e-mails, WhatsApp, Telegram e mesmo em interações no Instagram faz com que nosso cérebro fique viciado na economia de gramática para expressar uma narrativa. 

Igual livro de bebê que tem menos texto e mais imagem, sabe como? É assim que você passa a falar com os outros, é assim que você passa a falar consigo mesma. Poxa, que pobreza intelectual, não? Nada contra os livros infantis – estou lendo Fadas no Divã – Psicanálise nas Histórias Infantis, de Diana Lichtenstein Corso e Mario Corso e fico perplexa com a genialidade de tais obras. Por isso fiz questão de usar como exemplo o livro do bebê – que contém apenas, digam-me vocês: figurinhas. 

É para lá, para o analfabetismo gramatical e intelectual, que nos levamos toda vez que deixamos de nos expressar adequadamente e ricamente. 

Reduzimos nosso potencial, tal como um corpo que passa por muitos meses sem fazer um esporte que seja. O músculo fica fraco. Os neurônios ficam preguiçosos. 

Faça a experiência, no lugar de procurar uma figurinha que expresse seus sentimentos, procure por palavras: ironia, alegria, tristeza, decepção, ira, felicidade, medo, ansiedade, remorso, vergonha, orgulho, gratidão, paz, animação, amor… Existem uma infinidade de sentimentos e emoções que os seres humanos experimentam dependendo dos contextos e intensidades. 

Não permite que você viva, no mínimo, o máximo da literatura de sua vida. 

Beijocas com afeto

Sra. Helô




Autor:

Helô Gomes
Helô Gomes é bacharel em jornalismo, premiada nacionalmente com a obra "Cordel de Moda - arte e Cotidiano na feira de Caruaru"; cobriu as principais semanas de moda do circuito Nova York, Londres, Milão, Paris, Rio e São Paulo, publicou e apresentou pesquisas científicas a convite da USP em Dublin, Moscou, Budapeste e Cracóvia, é apaixonada por literatura e arte e no Coletivo Lírico expressa todo seu olhar sobre a moda em forma de objetos de consumo afetivos

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