Como a moda influencia a vida das pessoas

por | 10/06/2022 | cultura

Uma das coisas que a gente mais gosta de fazer é investigar a moda como veículo de expressão de identidade. Porém, atualmente, este conceito sofreu profundas modificações, rompendo com a visão vigente nas sociedades pré- modernas (na qual o sujeito era possuidor de uma identidade fixa, rígida e unificada), hoje, o sujeito pós-moderno, apresenta uma identidade fragmentada, composta por várias identidades, que podem ser contraditórias e que encontra na moda a possibilidade de expressá-las.

Modalogia

A “modalogia” é uma área de estudo que reúne conhecimentos de diferentes disciplinas das ciências sociais e humanas sobre moda. O historiador Adilson de Almeida publicou, em 1996, um levantamento de capítulos e livros em português sobre moda e indumentária, do período compreendido entre 1979 e 1996. Com base neste estudo, ele percebeu que o maior foco destes trabalhos era as chamadas roupas da moda, aquelas que são comerciais, casuais e seguem as tendências vigentes, excluindo roupas de trabalho e uniformes.

Literatura para se entender mais sobre moda

Mesmo com poucos estudos sobre este assunto em áreas como sociologia, psicologia, antropologia e semiologia da moda, houve pesquisas significativas nesta época. Como obras de destaque, ele cita: “Sistema da Moda” (edição de 1979), de Roland Barthes, “Notas sobre o Sistema de Vestuário Americano” (1979), de Marshall Sahlins, “O Império do Efêmero” (1989), de Gilles Lipovetsky, “O Espírito das Roupas: a Moda no Século XIX” (1987), de Gilda de Mello Souza e “Avesso da Moda: trabalho a domicílio na indústria de confecção” (1986), de Alice Rangel de Paiva Abreu (Almeida, 1996).

Defendida na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (1950), a tese de doutorado de Gilda de Mello, citada acima, é a primeira tentativa nacional de realizar uma análise sociológica sobre moda e costume acerca de sua ligação com as artes, as classes, os sexos e os aspectos sociais (Pontes. 2004).

O século XIX foi o período escolhido para o foco do seu trabalho, por se tratar de um momento em que a moda enquanto fenômeno era um domínio exclusivo da sociedade ocidental e teve seu ápice no que se refere às questões de imitação, sociabilidade urbana, desejo de competição, sentimento de aprovação coletiva e acentuação das diferenças entre o vestuário masculino e feminino. Ela pôde perceber que as mulheres desta década criaram estilos de vida simbolicamente manifestados pela moda, tendo como exemplo o caso das sufragistas, que priorizaram a carreira política, apresentando desinteresse pelos adornos, por vestimentas rebuscadas e pela preocupação com a moda, em geral.

Este trabalho foi inicialmente publicado na Revista do Museu Paulista (1951) e virou livro apenas 30 anos depois, devido à resistência em considerar a moda como objeto de estudo das ciências humanas e à falta de formação de um público interessado neste assunto.

As 3 teorias sobre tendências na moda

Com os estudos sobre modernidade, o tema moda foi conquistando espaço entre intelectuais da época, resultando na produção de teorias sobre o assunto entre o final do século XIX e começo do XX. Gabriel Tarde, Georg Simmel e Thorstein Veblen foram precursores nestes estudos, considerando o contexto cultural em que estavam inseridos: França, Alemanha e Estados Unidos, respectivamente.

Por conta de suas contribuições sobre estudo da imitação, o sociólogo e filósofo francês Gabriel Tarde (1843-1904) é uma figura importante na moda e na psicologia social, considerada por ele uma sociologia elementar ou psicologia intermental, por focar nos atos individuais e nas relações sociais como pontos de análise.

Seu trabalho sobre imitação resultou na formulação de três leis gerais: a lei do descender, na qual as pessoas de status inferior seguem as tendências de comportamento daquelas de classes superiores, lei da progressão geométrica apresenta a defesa de que a difusão das ideias segue numa velocidade crescente, e a lei do próprio antes que o estranho, em que Tarde afirma que a própria cultura é imitada antes das estrangeiras (confesso que essa teoria me deixou bem curiosa, pois, nos meus 12 anos de experiência no mercado do jornalismo de moda, vi muita mania de colonizado sobrepor grandes talentos criativos). Vou estudar para escrever mais sobre isso!

Books, not guns.

Culture, not violence.

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Foto abertura: handmade book dress by sylvie facon via Pinterest




Autor:

Helô Gomes
Helô Gomes é bacharel em jornalismo, premiada nacionalmente com a obra "Cordel de Moda - arte e Cotidiano na feira de Caruaru"; cobriu as principais semanas de moda do circuito Nova York, Londres, Milão, Paris, Rio e São Paulo, publicou e apresentou pesquisas científicas a convite da USP em Dublin, Moscou, Budapeste e Cracóvia, é apaixonada por literatura e arte e no Coletivo Lírico expressa todo seu olhar sobre a moda em forma de objetos de consumo afetivos

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