Outro dia em leitura machadiana, me deparei com um texto que relatava divergências em família no início do século XVII por, advinha você queria leitora, política. Página 61.
Qualquer semelhança com os dias de hoje não é mera coincidência
“Eu não quero passar adiante, sem contar sumariamente um galante episódio de 1814, tinha Brás Cubas nove anos.
Napoleão, quando nasceu o personagem de Machado de Assis, estava em todo o esplendor da glória e do poder; era imperador e granjeara inteiramente a admiração dos homens. O pai de Brás Cubas, que à força de persuadir os outros da nobreza de sua família, acabara persuadindo-se a si próprio, nutria contra ele um ódio puramente mental. Era isso o motivo de renhidas (o mesmo que: porfiada, cruenta, desesperada, encarniçada, sangrenta.) contendas na casa dos Cubas, porque um tal de tio João, não sabemos se por espírito de classe e simpatia de ofício, perdoava no déspota o que admirava no general. já outro tio padre era inflexível contra o corso. Os outros parentes dividiam-se, daí as controversas e as rugas.”

Para regozijo público e convivência social, algumas pessoas preferem o silêncio ao diálogo franco (aquele em que você escuta não para interromper uma pessoa, mas para ouvir diferentes perspectivas e visões de mundo que não a sua.).
Quem fica com este último, consegue de terra e estrume colher flor: vence quem entende que tudo é política, ganha quem tem a moral (mais do que os bons costumes) como norte, não apenas para o comportamento cotidiano da porta pra fora, mas, principalmente, da porta pra dentro de casa. Vence quem segue a Lei da Empatia.
Assim como dizia o poeta: o menino é o pai do homem, fica aqui minha homenagem em forma de paródia: O ser humano é o pai do cidadão. Antes de sermos agentes sociais, somos pedaço de carne, humanos, contraditórios, mesquinhos, e necessitando urgentemente (em sua maioria esmagadora) de um chá de revelação de classe social.

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