Tive a oportunidade de visitar Cuba em 2014, bem antes do desfile da Chanel – creio eu, que, depois de tal evento Havana ficou realmente um tanto quanto mais comercial. Não sei qual seria a minha percepção do país se o visitasse hoje.
Fui ao país à convite da Universidade de São Paulo – USP, para ministrar uma palesta na Universidade de Havana sobre o comércio de rua na cidade de São Paulo. Foi tanto rum que o power point quase saiu de ponta cabeça na hora da apresentação. HAHAHAH
A seguir, o texto que publiquei à época. Espero que gostem!
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Digníssimo Júri, penso que Cuba ainda não pode ser condenada. Os fatos políticos pesam contra, não ignoro, mas não descartemos precocemente a melhor parte deste país: os próprios cubanos – touché pra quem pensou mojitos, seus fanfarrões.
Eis minha defesa: o sistema é falho, isso é inquestionável, mas acredito sim que ele possa ter “criado” pessoas fantásticas. Digo que é falho não por partidárismos, veja bem – não sou do tipo que defenda ou critique qualquer tipo de ideologia – apenas sou contra a não possibilidade de mudança e ponto.
Enfim, foco no Homem de Havana: lá não tem chiclete, mas tem sorriso. Não tem coca cola, mas tem amizade. Não tem Internet mas tem conversa entre vizinhos. Não tem carro último modelo mas tem ar puro. Não tem Spotfy mas tem cantores de verdade em cada esquina. Não tem “nada” e, ironia ironia, tem tudo: eles têm tempo um pro outro, pra si mesmos e até pra anônimos que, como eu, devem se espantar com tanta gentileza desinteressada e interessante de se admirar.
E, se fora do ser humano não há salvação, se fora do ser humano a vida não tem enredo, eu também não resisto a um ser humano, Millôr, e jamais vou cansar de me apaixonar mais por habitantes do que por cidades. Meu bem e meu mal, queridos, já que as imagens que ficam são justamente aquelas que não podem ser postadas: elas só se revelam em cada pessoa que por lá deixei um pouco de Helozita. Mind opened, case closed.
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