Lipovetsky (2011) estabelece uma relação entre a informação e o impulso do individualismo: à medida que o indivíduo obtém informações sobre o que está acontecendo, seja na área da saúde com uma notícia relacionada ao câncer, ao alcoolismo ou sobre perigos na estrada, por exemplo, ele tende a se concentrar mais no seu Ego, se preocupando com a sua própria existência, transformando o Ego num foco de cuidados e prevenções. As notícias são trazidas à tona sem algum tipo de preparo ou julgamento e cabe ao indivíduo ordenar o novo perfil de seu narcisismo ansioso, tolerante, “para a moralidade aberta, para o Superego fraco ou instável” (p. 263).
Por que consumimos?
Lipovetsky (2011) afirma que o consumo tornou-se cada vez mais voltado para si mesmo e menos para ofuscar o Outro e ganhar consideração social, dado que o consumo é motivado pelos serviços objetivos e existenciais que são prestados pelas coisas, não é um desenvolvimento corporal e psi apenas, mas uma nova relação que se estabelece com os outros e com as coisas, pois a dependência e encanto pelas normas sociais são reduzidas pelo neonarcisismo, de modo que a opinião dos outros conta menos tem menor importância que a gestão de nosso tempo, material e de nosso prazer.
Nas culturas pré-modernas, a aparência era padronizada de acordo com os critérios tradicionais, de modo que alguns adornos faciais ou no vestuário eram elementos de individualização, mais relacionada à identidade social que a pessoal, diferentemente de hoje.
Moda e propaganda
Claro que ainda hoje estes dois tipos de identidades aparecem associados, e é possível expressar gênero, classe e status ocupacional, porque as formas de se vestir sofrem influências do grupo, da propaganda, dos recursos socioeconômicos que contribuem, às vezes, mais para padronização do que diferenciação individual por mais que a escolha de roupa seja livre (Giddens, 2002). Erikson (1987) comenta que nos fenômenos sociais há certa tendência à uniformidade ou uniformes especiais ou roupas características como forma de esconder uma completa incerteza pessoal na certeza grupal, se vestindo como eles, o que remete opõe à lógica da autenticidade, já que esta preza a liberdade de usar aquilo.
que se deseja, sendo verdadeiro, não se obrigando a ceder às pressões do grupo, por exemplo.
Giorgio Agambem (2009), ao discutir “O que é o contemporâneo?”, cita como exemplo do tempo da contemporaneidade a moda, por introduzir uma descontinuidade no tempo, visto que o “agora” da moda não é identificado por nenhum tipo de cronômetro, está localizado entre um “ainda não” e um “não mais”, é um tempo que está adiantado em relação a si mesmo. O efêmero, defendido por Lipovetsky (2011), invadiu o dia a dia de forma tão intensa que as novidades se tornaram cada vez mais velozes e aceitas, “em seu apogeu, a economia-moda engendrou um agente social à sua imagem: o próprio indivíduo-moda, sem apego profundo, móvel, de personalidade e de gostos flutuantes” (p. 205). A moda tornou-se o imperativo porque a cultura valoriza a dignidade do presente e tornou sagrado o novo (Lipovetsky, 2011).
E esta liberdade também pode estar relacionada a critérios como conforto e expressão de sentimentos, que são duas subcategorias desta seção.
Society6
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