História da moda: você sabe o passado do que você tem no armário?

por | 14/07/2023 | 2023, cultura, feminismo, história da moda, humor, lifestyle

Algumas nascem de momentos históricos, outras como movimentos políticos. Conheça a origem de peças que, independentemente do tempo, permanecem em nosso armário

A palavra moda significa muito mais que vestimentas; representa estilo de vida, opiniões, críticas e práticas de um determinado grupo social. Quer entender a motivação de algum hábito cultural? Observar as roupas usadas por determinada geração é um bom caminho. Momentos históricos, como a Revolução Francesa, a Segunda Guerra Mundial, o movimento feminista e a luta trabalhista, transformaram parte da cultura mundial, e hoje, se encontram nos armários de todos em forma de tecido. Selecionamos algumas dessas peças icônicas e atemporais e contamos as suas origens.

Calça jeans


Enquanto a Revolução Francesa dava fim à monarquia, em Nimes, no sul da França, a calça jeans era criada. Antes de ser conhecida como jeans, a peça, feita em tecido rígido, pouco maleável e em tons marrons, era chamada de nimes. O nome correto do tecido, porém, era “jean” — termo francês para sarja de algodão. Com o tempo, os nomes passaram a ser confundidos, surgindo, assim, o termo jeans.

O tecido era usado apenas pela classe operária, mais especificamente, marinheiros. Em 1793, ele foi avistado por Levi Strauss, que o importou para os Estados Unidos. “Ele adaptou para uma versão mais confortável e maleável, com a intenção de confeccionar roupas de trabalho para os mineradores”, explica Mirella Braga, professora de moda.

 SAN ANSELMO, CALIFORNIA - APRIL 06: In this photo illustration, the back patch is displayed on a pair of Levi 513 jeans on April 06, 2023 in San Anselmo, California. San Francisco-based Levi Strauss &Co. reported better-than-expected first quarter earnings with net income of 4.7 million (Photo Illustration by Justin Sullivan/Getty Images) (Photo by JUSTIN SULLIVAN / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / AFP)
SAN ANSELMO, CALIFORNIA – APRIL 06: In this photo illustration, the back patch is displayed on a pair of Levi 513 jeans on April 06, 2023 in San Anselmo, California. San Francisco-based Levi Strauss &Co. reported better-than-expected first quarter earnings with net income of 4.7 million (Photo Illustration by Justin Sullivan/Getty Images) (Photo by JUSTIN SULLIVAN / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / AFP) (foto: AFP)

A calça jeans demorou para ser vista como um ícone. Apenas ganhou espaço na moda, em tons azuis, em 1950, com inspirações em James Dean, Marlon Brando e Marilyn Monroe, como menciona a coordenadora de moda e design do Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio, Beatriz Caron. “Foi no corpo das maiores celebridades da época que o item virou um completo hit, moldou, completamente, a geração da época, e a história do vestuário para sempre.”

Em parceria de negócios, Levi Strauss e o alfaiate Jacob Davis patentearam a primeira calça jeans da história, a Levi’s 501. Com o tempo, as modelagens foram adaptadas, podendo ser encontradas no armário feminino e masculino. “Hoje, as peças produzidas a partir do jeans são tendências, marcos da juventude, usada por todos os extratos sociais e idealizando ‘a modernidade’ de quem as usam”, ressalta Mirella.

Camiseta branca

(somos suspeitos, amamos essa!)

Muito utilizada por operários e trabalhadores, a camiseta branca apenas se tornou um clássico com a ajuda de Coco Chanel. Beatriz Caron lembra que a estilista é conhecida por revolucionar o estilo feminino, adaptando e usando peças até então consideradas masculinas.

“Foi a Chanel quem fez o uso da camiseta e a camisa branca como uma marca registrada, também, feminina. mostrando às mulheres da época como a peça poderia ser versátil, estilosa e, ao mesmo tempo, elegante.”

Uma das primeiras mulheres a reconhecer o atrativo da camisa simples, branca, de estilo colegial foi Coco Chanel. Provavelmente, foi a simplicidade, tão diferente do que as outras mulheres usavam, que a atraiu, porque Chanel sempre lutou para se manter única. E ela estava longe do Ideal de beleza da belle époque, por ser magra e morena, em vez de roliça e rosada, e os estilos “bolo de noiva” da época não lhe assentavam bem.

Chanel percebeu que ficava melhor com roupas simples, inspiradas no guarda-roupa masculino, e era inteligente o suficiente para explorar sua descoberta. Quando outras mulheres viram o quanto essas roupas radicalmente despojadas eram atraentes, elas também quiseram usá-las.

Porém, novamente com a ajuda das celebridades, apenas em 1930, a camiseta branca ganhou os holofotes, sendo usada por estrelas de cinema em Hollywood. “Ela sofreu poucas transformações com o passar do tempo, e é considerada indispensável até os dias atuais, tanto no guarda-roupa feminino quanto masculino”, relata Beatriz.

A camisa branca fala de uma energia de mangas arregaçadas, de uma atitude direta que não tem tempo para detalhes complicados nem frescuras que não sejam funcionais. Sua cor nada prática lhe dá um ar aristocrático, enquanto o fato de ser acessível e estar à mão a torna uma favorita do povo.

\Ela é uma adaptação da roupa de baixo masculina. As mulheres usavam uma espécie de camisa feminina com a mesma intenção. O que importava era que essa peça de roupa pudesse ser lavada com mais facilidade e freqüência – relativamente falando – do que um vestido ou um casaco, que, no caso das classes ricas, muitas vezes não podiam de modo algum passar por uma limpeza, devido à profusão de bordados e outros ornamentos.

Combinada com os costumes simplificados dos anos de guerra, a camisa branca simples tornou-se uma marca registrada do novo modo de vestir.

Camiseta polo branca


Para a criação dessa peça, foram necessárias duas raquetes de tênis e um grande jogo esportivo. René Lacoste transformou seu uniforme de tênis com mangas compridas e gravata em uma camiseta de manga curta, detalhada com colarinho e botões. “Há a ruptura do padrão do uniforme dos jogadores e, de quebra, o lançamento do que viria a ser uma famosa grife”, exemplifica Mirella.

Uma aposta, valendo uma mala feita em crocodilo no torneio internacional de tênis masculino em 1927, o Davis Cup, fez com que a imprensa americana apelidasse René de “Le Crocodile”, e o nome pegou. “René Lacoste, juntamente com André Gillier, fundou a Lacoste em 1933”, detalha a professora.

Captain René Lacoste (L) dries French tennisman Christian Boussus's face (R) during the Davis Cup in June 1935 in Wimbledon. / AFP / -
Captain René Lacoste (L) dries French tennisman Christian Boussus’s face (R) during the Davis Cup in June 1935 in Wimbledon. / AFP / –(foto: -)

Texto do livro – O Pretinho Básico de Nancy Macdonell Smith.

Por Leonize Maurílio

(Leonize atua como Compradora de Tecelagem em uma confecção no bairro do Bom Retiro. Desenvolve coleções como estilista free-lance. É formada em Moda pela Universidade Paulista desde 2004. Possui conhecimentos contábeis e administrativos e atuou em empresas de grande e médio porte por mais de 15 anos. E.mail:[email protected] )




Autor:

Helô Gomes
Helô Gomes é bacharel em jornalismo, premiada nacionalmente com a obra "Cordel de Moda - arte e Cotidiano na feira de Caruaru"; cobriu as principais semanas de moda do circuito Nova York, Londres, Milão, Paris, Rio e São Paulo, publicou e apresentou pesquisas científicas a convite da USP em Dublin, Moscou, Budapeste e Cracóvia, é apaixonada por literatura e arte e no Coletivo Lírico expressa todo seu olhar sobre a moda em forma de objetos de consumo afetivos

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