Machado de Assis fofocando de Voltaire

por | 7/02/2024 | 2024, literatura, prosa & poesia

Uma das graças da literatura clássica é o fato de alguns de seus trechos se tornarem universais. Atemporais no melhor sentido da palavra: quando você o relê, ele é absolutamente novo e cirúrgico se relacionado com algo da sua própria vida neste instante de existente que vos escrevo estas linhas e você lê. 

Atemporal feito um vestido preto tubinho. Feito uma argola tamanho mediano de ouro presente de 15 anos. 

Aconteceu esse evento extraordinário em minha vida bem agora, na obra “Quincas Borba”, de Machado de Assis, ano 1891, página 29: 

No começo da semana seguinte, recebendo os jornais da Côrte (ainda assinaturas de Quincas Borba) leu Rubião esta notícia em um deles: 

“Faleceu ontem o Sr. Joaquim Borba dos Santos, tendo suportado a moléstia com singular filosofia. Era homem de muito saber, e cansava-se em batalhar contra esse pessimismo amarelo e enfezado que ainda nos há de chegar aqui um dia; é a moléstia do século. A última palavra dêle foi que a dor era uma ilusão, e que Pangloss não era tolo como inculcou Voltaire… Já então delirava. Deixa muitos bens. O testamento está em Barbacena.”

Lições: 

  1. Eu não quero aprender a viver no dia da minha morte. Imagina descobrir o sentido da vida no momento do último respiro? Que Deus me conceda o privilégio de situações inusitadas todos os dias para que eu tenha a honra de morrer evoluindo 
  2. Pangloss, personagem do livro ‘Candido ou o Otimismo’ de Voltaire é uma obra que eu indico e já dei de presente para incontáveis pessoas. Pra mim, uma obra gênia da literatura que me ensinou que o bom humor é mais uma escolha do que um sentimento. Em tudo Pangloss vê o lado bom. É seu modus operandi de existência. Alguns o consideram um bobo. Alguns enxergam uma inteligência engenhosa e criativa. 
  3. Hoje acordei de sonhos suaves e vim parar em um mundo que meu inconsciente não seria capaz de fabricar nem nos meus melhores devaneios. Minha alma levantou-se e viu que tudo era prazeiroso, pela primeira vez não me senti ridícula, Após um pequeno tempo de leitura e esporte, (natação, minha favorita) a sensação de abismo que me envolvia transformou-se numa esperança desmedida. 

A alegria do puro momento em que a gente se enche de potência de vida: eu, na água. 

Alonguem-se jovens. Estrale-se, se abrace. Sua pele é o segundo órgão mais importante do seu corpo. 

O primeiro eu conto outro dia…




Autor:

Helô Gomes
Helô Gomes é bacharel em jornalismo, premiada nacionalmente com a obra "Cordel de Moda - arte e Cotidiano na feira de Caruaru"; cobriu as principais semanas de moda do circuito Nova York, Londres, Milão, Paris, Rio e São Paulo, publicou e apresentou pesquisas científicas a convite da USP em Dublin, Moscou, Budapeste e Cracóvia, é apaixonada por literatura e arte e no Coletivo Lírico expressa todo seu olhar sobre a moda em forma de objetos de consumo afetivos

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