Em nosso país, produzimos todos os anos mais de 175 mil toneladas de resíduos têxteis, e apenas 4% dessa quantidade é reciclada.
Para mudar essa realidade, surge na sociedade e na indústria da moda um novo conceito, que busca conciliar moda e sustentabilidade e frear o consumismo, desperdício e poluição mundial: o Slow Fashion.
O mercado têxtil atualmente é formado principalmente por uma produção industrial e massiva dos produtos, muitas vezes de uma qualidade duvidosa, para que se possa vender mais e por um preço mais em conta no mercado. No mundo da moda não é diferente: são feitos inúmeros desfiles e uma variedade de roupas diferentes entre si, o que sugere uma troca de guarda-roupa em toda a estação.
A moda Slow vai totalmente contra isso: ela promove uma produção feita de forma mais lenta, prezando pela qualidade e produtos orgânicos e que não degradem a natureza, além de reforçar a conexão entre roupa, humano e meio ambiente.
Ela também implica em um olhar mais abrangente, ético e holístico dos nossos hábitos. Onde tomamos consciência de que muitas vezes compramos produtos e roupas por influência da mídia ou puro gosto, não sendo realmente necessária a compra naquele momento.
Essa compra desenfreada acaba gerando impactos negativos na sociedade e meio ambiente, já que temos um desejo cada vez maior pelo imediatismo e consumismo, e para saciar isso, acabamos retirando mais matérias primas do meio ambiente, causando desmatamento e caça de animais, além do descarte rápido que promove o acúmulo de lixo.
Assim, o Slow Fashion quer que o usuário tenha uma maior consciência e dê uma vida útil maior para as suas roupas, como usar as mesmas roupas de frio por vários anos, escolher cores básicas e itens que sempre estarão em alta, etc.
Uma outra característica marcante desta nova moda é o incentivo aos modelos de negócios locais e independentes, como a frequentação de bazares, designers independentes, roupas artesanais feitas por tecelãs e produtores locais, etc.
É importante que se estimule a economia e moda da própria região, garantindo a renda de pequenos produtores, em vez de consumir apenas roupas feitas por grandes marcas, com preços altíssimos (caso seja de marca) e qualidade nem sempre boas.
Apesar de o preço não ser tão barato, o valor compensa ao levar em conta o cuidado, técnica e consciência com o meio ambiente e sustentabilidade.
É importante lembrar que devemos pagar por um preço justo para todos os envolvidos no processo de criação da matéria prima, confecção e design dessas peças, para que todos tenham condições de criarem peças de altíssima qualidade e que durem bastante.
Acreditamos e vemos as roupas que produzimos como obras de arte, e como tal, precisam transparecer os valores e crenças, e não apenas produzir peças idênticas, sem identidade e de forma quase automática.
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