O que é slow fashion e por que adotar essa moda?

por | 11/11/2019 | cultura, design, lifestyle, moda

Slow fashion é uma alternativa sustentável à moda globalizada

Slow fashion” é um termo cunhado por volta do ano de 2004, em Londres, por Angela Murrills, uma escritora de moda da revista de notícias on-line Georgia Straight.

O termo ficou conhecido depois de ser muito utilizado em blogues de moda e artigos na internet. Inspirado no conceito de “slow food”, que se originou na Itália nos anos 1990, o slow fashion adaptou alguns pontos para o âmbito da moda

Em contraposição ao fast fashion – sistema de produção de moda atual que prioriza a fabricação em massa, a globalização, o apelo visual, o novo, a dependência, a ocultação dos impactos ambientais do ciclo de vida do produto, o custo baseado em mão de obra e materiais baratos sem levar em conta aspectos sociais da produção -, o slow fashion surgiu como uma alternativa socioambiental mais sustentável no mundo da moda.

A prática do slow fashion preza pela diversidade; prioriza o local em relação ao global; promove consciência socioambiental; contribui para a confiança entre produtores e consumidores; pratica preços reais que incorporam custos sociais e ecológicos; e mantém sua produção entre pequena e média escalas.

Para explicar melhor, abaixo, uma listo de algumas características principais do slow fashion que, cunhado por Angela Murrills, teve seu significado complementado por outras ideias, posteriormente:

+ Priorizar a produção local é uma forma de resistir contra a avalanche da globalização. Como você pode conferir na matéria “Fast fashion: o que é, como funciona e quais impactos”, a produção globalizada do fast fashion é feita por grandes marcas que padronizam as roupas para o mundo inteiro, o que acaba diminuindo o espaço para as especificidades culturais, desvaloriza trabalhadores locais e consome muitos recursos.

+ Valorizar consumidores, produtores e recursos naturais locais, em contraposição à produção globalizada, é uma alternativa à padronização, à centralização e à produção de produtos idênticos. Isso dá origem a ideia de “sociedade multilocal” e uma “economia distribuída”, em que o global é composto por uma rede de sistemas locais. No slow fashion, tudo o que está disponível localmente é utilizado da melhor forma possível, e o que não pode ser produzido localmente é trocado e compartilhado, dando origem a uma sociedade simultaneamente local e cosmopolita – onde o termo “cosmopolita” abrange a diversidade, em oposição à homogeneidade, implícita na globalização.

+ A produção de roupas e acessórios, em geral, depende muito da comunidade local e, na produção globalizada (fast fashion), esse fato muitas vezes é obscurecido intencionalmente pelo nome da marca da moda.

No modelo slow fashion, a transparência procura informar a origem real dos produtos: em vez de omitir a origem da produção com nomes genéricos de um estilista ou marca, por exemplo, a referência é dada a empresas de menor escala: um modelo mais transparente.

Além disso, ao diminuir intermediadores no processo de troca das mercadorias, o consumidor se aproxima do produtor. Com esse estreitamento de vínculo, os produtores sentem a responsabilidade de produzir​​ com qualidade, pois os produtos serão consumidos por pessoas que eles conhecem, e os consumidores sentem uma responsabilidade em relação aos produtores, que são membros de sua comunidade. Além do mais, quando se evita intermediações nas trocas, o produto tende a encarecer menos e o produtor se valoriza.

+ Os produtos sustentáveis e sensoriais do slow fashion são aqueles que têm uma vida útil mais longa e são mais valorizados que os consumíveis típicos.

O remendo é uma das práticas mais empregadas no slow fashion para prolongar a vida útil das roupas, calçados e acessórios. Ele deixou de ser utilizado principalmente por ter sido associado à pobreza, mas foi retomado pelo slow fashion e ganhou credibilidade, sendo referido como uma forma de reciclagem.

+ Outra maneira de prolongar a vida das roupas é fornecer produtos que têm longevidade funcional e que permanecem na moda. Os produtos desenvolvidos não podem ser aqueles da “temporada da moda”. O relacionamento do sujeito com o objeto precisa envolver algo a mais que a simples aparência. É preciso existir um vínculo capaz de evitar o descarte precoce. Um caminho nesse sentido é desenvolver vestuários que carregam uma história, origem, gosto, toque, cheiro, que sejam feitos especialmente a mão e que ofereçam algo específico do indivíduo em termos de ajustes e aparência.

Por isso, aqui no Coletivo Lírico, nós não trocamos de coleção a cada ‘temporada’ de moda. Nossas camisetas continuam a disposição da sua vibe, como personagens de um seriado que em determinado momento da história ganham mais sentido e destaque pro enredo. A idéia é que você possa comprar como e quando quiser, sem a necessidade de urgência, já que o produto não irá sair de linha. ;)

FONTE: ECYCLE.COM.BR




Autor:

Helô Gomes
Helô Gomes é bacharel em jornalismo, premiada nacionalmente com a obra "Cordel de Moda - arte e Cotidiano na feira de Caruaru"; cobriu as principais semanas de moda do circuito Nova York, Londres, Milão, Paris, Rio e São Paulo, publicou e apresentou pesquisas científicas a convite da USP em Dublin, Moscou, Budapeste e Cracóvia, é apaixonada por literatura e arte e no Coletivo Lírico expressa todo seu olhar sobre a moda em forma de objetos de consumo afetivos

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