Todas as noites, antes de me dar um beijo de boa noite, meu pai me fazia a seguinte pergunta:
– Hoje você viveu um dia, perdeu um dia ou ganhou um dia?
Papai sempre foi tanto filosófico quanto bem humorado em relação às grandes questões da existência. Crescer com esse questionamento noturno, com certeza, tem infinita parte na intensidade da minha personalidade que cresceu juntamente com minha alma ao longo desses 39 anos que ocupo meu corpo neste planeta chamado Terra.
Acho que foi a forma que ele encontrou de me deixar mais cirúrgica a cada segundo de vida em momentos de decisão e entrega às experiências que me são apresentadas ao longo da vida.
O tédio de ter vivido mais um dia, o arrependimento de ter perdido um dia com situações atrapalhadas ou atitudes que eu gostaria de ter agido diferente e o grande campeão da brincadeira: o dia que valeu a pena ser vivido.
Com o passar dos anos descobri que só sente “tédio” quem não apreende nada de novo ao longo das 24 horas que se apresentam a nossa frente quando abrimos o olho.
O “perder” um dia, por outro lado, geralmente acontece quando gastamos nosso tempo nos preocupando mais com que os outros pensam de nós do que com o que nós mesmos pensamos de nós mesmos.
E, por fim, “ganha” um dia quem aceita o ineditismo do mundo e permite-se ser surpreendido a cada troca, a cada olhar, a cada conversa com um estranho na fila da padaria, fazendo com que a vida torne-se um eterno agora.

E você? Como vai categorizar o dia de hoje?
Beijos com afeto
Helô Gomes
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