Por que é tão difícil ter uma marca de moda no Brasil?

por | 5/03/2020 | moda

Você sabe que você é da área de exatas ou biológicas quando entra na livraria, vai direto ao caixa, pergunta se tem um livro específico o atendente diz não e você tranquilamente agradece e vai embora.

Você sabe que você é da área de humanas quando entra na livraria, seu coração palpita, você pergunta ao atendente se tem um livro específico e enquanto ele checa no sistema você já faz uma lista mental de outros 10 pra perguntar e no final acaba levando outros 5 que nem estavam na lista.

Quando você decide ter uma marca de roupas – ou seja, você cria uma peça, o cliente decide que gostaria de adquiri-lá através de uma transação comercial, você vende e depois entrega, acontece meio que uma mistura dessas duas personalidades da livraria e você, do nada, começa a ter que tirar 10 em todas as matérias do boletim senão não passa de ano. Senão a conta simplesmente (e literalmente) não fecha.

Mais do que isso: nesse colégio empresarial, tem coleguinha fazendo bullying (sim, em pleno ano 2020); tem umas mensalidades malucas que a Diretoria cobra aleatoriamente através de impostos que podiam contar como atividade extra curricular se você conseguir entender todas as cláusulas; tem a grande curiosidade de que quanto mais você estuda (ou mais vende) menos conhecimento você tem (e menos dinheiro também) – rei, rei, rei, Sócrates é nosso rei, tem professores/clientes que acreditam que a hierarquia da idade (ou da posse do dinheiro) lhe garantem qualquer tipo de “privilégio” onde a educação é uma escolha e não uma conduta moral que deve ser seguida independente da situação e, claro, tem o busão que leva a turma pra escola, mais conhecido como Correios – que sim, é uma instituição séria, porém, composta por humanos, digna de falhas e, por se tratar de posse estatal, a gente meio que fica a mercê pra mudança de horários, atualização de sistemas, schedules, crianças extraviadas, atrasos de logística… E por mais zelosa que seja a mãe, a van é do tio, e à nós só cabe continuar acordando cedo, batendo aquele leite reforçado e seguir de peito aberto à caminho de mais um dia de aula.

E por que a gente segue? Porque não tem prazer maior na vida do que aprender. Todo dia um novo mundo se abre diante de nossos olhos nesse país chamado Internet: sugestões de estampas que vocês mandam pra gente, comentários inteligentíssimos abrindo espaço pra diálogos e expansão da mente de todo mundo que segue o @ do coletivo lírico, a alegria de ver fotos de clientes usando nossas camisetas em momentos mais do que felizes: em momentos inesquecíveis (já rolou até pedido de namoro com a blusinha da Plena, que tal?) e, o mais poético: por que a gente ama criar. Cada post, cada camiseta, é uma página em branco de uma beleza que a gente coloca todo nosso conhecimento e intenção pra lirificar o dia de vocês.

Temos muito ainda que aprender – logística, produção, embalagens… Mas quando pensamos o quanto já evoluímos, dá uma vontade danada de sair cantando na chuva. Fica aqui a promessa: não iremos parar tão cedo. O Coletívo Lírico é Mágico de Oz de muitas almas que se esforçam para que isso aqui gire e, olha: a gente tem ainda muita estrada de tijolos amarelos pela frente.

Um salve pra quem vem junto! <3

Autor:

Helô Gomes
Helô Gomes é bacharel em jornalismo, premiada nacionalmente com a obra "Cordel de Moda - arte e Cotidiano na feira de Caruaru"; cobriu as principais semanas de moda do circuito Nova York, Londres, Milão, Paris, Rio e São Paulo, publicou e apresentou pesquisas científicas a convite da USP em Dublin, Moscou, Budapeste e Cracóvia, é apaixonada por literatura e arte e no Coletivo Lírico expressa todo seu olhar sobre a moda em forma de objetos de consumo afetivos

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