
(Karl Prouse/Getty Images)
20. Gucci (verão 2016)
A Gucci morreu. Viva a Gucci! A chegada de Alessandro Michele à marca italiana marcou uma divisão estética profunda com seus antecessores, e ele fez questão de logo de cara mostrar as manguinhas e os demais looks de seu novo reinado. Mas foi no verão 2016 que todas as bases dessa estética royal hipster foram de fato assimiladas. Os bordados, brilhos e remixes de referências, que parecem retirados de mil caixas de memórias e baús do tesouro, não só fizeram os fashionistas se apaixonar como também conquistaram uma nova clientela jovem e ávida por novos hits para a label.
21. Jum Nakao (verão 2005)
Como guardar total segredo sobre um desfile? na primeira metade dos anos 2000, parece que ainda era possível, e foi. Jum Nakao passou meses com sua equipe construindo roupas intricadíssimas feitas de papel. As colocou na passarela com modelos de peruca Playmobil e, surpresa!, elas rasgavam as roupas no final da apresentação deixando todos de cara no chão. A cena foi tão impactante que gerou paixões imediatas de vários tipos. Era impossível ficar indiferente. E, mais de uma década depois, ainda é.
22. Rick Owens (verão 2014)
Quer falar de diversidade e atitude? Faça como Rick Owens. O designer chamou mulheres de quatro sororidades para dançar em seu desfile. Elas faziam parte de times de “stepping”, um mix de dança e batalha de movimentos, como as que Beyoncé usou em seu show no Coachella. A performance encheu de movimento e sentido as roupas do designer, com suas amarrações, quedas bruscas e formas inesperadas. Toda a apresentação foi ritmada, viva e coreografada de forma a dar voz àquelas mulheres. Elas foram capazes de criar uma imagem de moda que enfim fazia jus ao termo empoderamento.
23. Issey Miyake (primavera 1999)
Apoc é uma sigla para “a piece of cloth”, ou seja, um pedaço de pano. A ideia de estudar as relações entre corpo e tecido ganhou um contorno tecnológico nas mãos de Issey e do engenheiro-designer Dai Fujiwara. A proposta era construir um look inteiro se baseando em um único pedaço de tecido. A proposta ainda iria longe, mas seus primeiros frutos foram mostrados em Paris durante esse desfile. No final da apresentação, as modelos entravam ligadas por um look feito em continuidade. A coleção antecipou várias tendências da indústria no que se refere à tecnologia e a evitar desperdícios.

(Reprodução/Reprodução)
24. Louis Vuitton (verão 2014)
A despedida de Marc Jacobs da Vuitton marcou o fm de uma era em que muitas das maiores cartadas de imagem foram dadas por ele. A apresentação juntava cenários de apresentações anteriores, como o relógio da estação de trem, as escadas rolantes e o carrossel. Só que tudo preto, como que de luto. Não em um sentido ruim, mas como um momento necessário para processar a finitude de algo maravilhoso. E ele foi generoso. Homenageou suas musas-professoras Coco Chanel, Rei Kawakubo e Miuccia Prada. Uma aula sobre a construção de moda.
25. Helmut Lang (verão 1994)
Helmut foi uma das caras da moda conceitual dos anos 90. Suas conexões com a arte, sua parceria com o fotógrafo Juergen Teller, suas imagens andróginas e seu trabalho com materiais com grande potencial sensorial marcaram toda uma geração de consumidores e designers. Lá, no início dos 1990, ele já falava de guarda- -roupas com barreiras de gênero bastante tênues, usava castings diversos, com mulheres mais velhas e não-modelos. Enfim, mostrava rumos que ainda se desenhariam em grande escala. Designers como Raf Simons e Hedi Slimane devem muito ao seu repertório cool e à sua capacidade de criar imagens urbanas que falam de gênero e juventude de uma maneira poética e não óbvia.
26. Ronaldo Fraga (verão 2002)
Ronaldo Fraga é um estilista que tem se dedicado a reescrever certas histórias sobre o Brasil. Já falou de bossa nova, de futebol, de Guimarães Rosa, do Rio São Francisco e de tantas outras questões. Mas seu desfile Quem Matou Zuzu Angel? pode ser considerado, além de moda, um serviço de educação pública. Além de resgatar o estilo da designer, ele deu continuidade à sua história. Zuzu abordava em suas coleções a morte do filho, um desaparecido político assassinado durante a Ditadura Militar. Documentos revelados depois da abertura política mostram que Zuzu também foi morta pelo aparelho repressivo: seu carro foi sabotado. Quando Ronaldo se propõe a falar disso, colocando bonecos pendurados na passarela para lembrar as vítimas do período, mostra que a moda também pode ser coragem.

(Reprodução/Reprodução)
27. Yeezy (season 3)
Kanye West está longe de ser unanimidade e, muitas vezes, leva suas egotrips a momentos estranhos. Porém é fato que suas apresentações são a cara de um certo momento da moda de hoje e merecem análise. Suas parcerias com a artista Vanessa Beecroft criaram imagens que estouraram nas redes e formatos interessantes. A Season 3 teve supermodelos, um casting que deu destaque a modelos negros, uma primeira fila que participava do desfile e o lançamento simultâneo do disco Life of Pablo. A estética é uma colagem de diversas referências minimalistas e esportivas, mas, no fm das contas, acabou cristalizada na imagem de Kim Kardashian, matriarca do mundo dos likes e mulher de Kanye. Nada que possa ser ignorado – bem como ele gosta.

(Dimitrios Kambouris/Getty Images)
28. Calvin Klein (verão 1994)
Prima pop de Helmut Lang no minimalismo 90s, a Calvin Klein foi responsável por espalhar pelos EUA, e parte da Europa, a silhueta fluida. Camisolas, slip dresses, casacos sem a dureza e estrutura dos 1980 marcaram essa fase, em que a moda parecia falar de certa fragilidade e de uma necessidade de delicadeza. Claro, a label elevou a figura lânguida de Kate Moss a símbolo máximo dessa estética e é com ela que a passarela da grife construiu suas imagens mais conhecidas.
29. Jean Paul Gaultier (verão 1995)
Madonna e Gaultier representam uma das melhores e mais icônicas uniões da moda. O sutiã de cone e tantos outros looks feitos pelo estilista francês são a quintessência do que de mais marcante pode acontecer quando uma estrela encontra alguém capaz de vesti-la. Nessa apresentação, um parque meio esquisito, um carrossel maluco de onde saíam figuras extravagantes, caricatas e maximalistas, às vezes com ares antigos, às vezes em looks de outro mundo, Madonna fazia o encerramento. Ela entrava com um carrinho de bebê, de onde tirava um cachorro. Se era loucurinha, indireta ou crítica, ninguém sabe. Mas o público a-do-rou.
30. Vivienne Westwood (inverno 1993)
O famoso desfile das plataformas gigantes tinha Kate Moss como uma noiva punk e uma série de looks babadeiros desfilados por supermodelos. Mas será sempre lembrado pela queda mais maravilhosa do catwalk. Naomi Campbell despencou do alto do saltão impossível e mostrou que uma supermodel não tomba, apenas arrasa no chão. A imagem de Naomi gargalhando sentada no chão é tão perfeita que parece ter sido planejada. E de certa forma encarna o espírito desencanado de Vivienne e de sua desconfiança da moda, que vive de muita pose e cultiva uma postura esnobe diante de tudo. Um close histórico de uma das melhores modelos de todos os tempos.

(Getty Images/Getty Images)